Paula Reverbel
O pedido coletivo de impeachment do
presidente Jair Bolsonaro formulado por Rede, PSB, PT, PCdoB e PDT vai
incluir, além do episódio do colapso da saúde no Amazonas,
a situação de mortes por falta de oxigênio no
Pará. A peça também vai conter o dado de que o governo federal sabia
da situação crítica de escassez de oxigênio nos hospitais desde o dia 8 de
janeiro, seis dias antes de pessoas começarem a morrer asfixiadas em Manaus.
De acordo com o gabinete do
senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP),
a peça está sendo redigida e deverá ser entregue ainda essa semana.
Parlamentares da Rede ainda tentam reunir assinaturas para a criação de
uma CPI e de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
do Coronavírus para “apurar as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento
da pandemia da covid-19 no Brasil”.
A pressão por pedidos de impedimento
do presidente – já são 61 pedidos protocolados na Câmara – se intensificou em
virtude do agravamento do combate ao coronavírus e da insistência do mandatário
em apostar no tratamento precoce contra a covid-19, com remédios sem eficácia
comprovada, em detrimento da campanha de vacinação.
Na semana passada, movimentos
sociais, políticos e celebridades aderiram a panelaços anti-Bolsonaro realizados
nas principais cidades do País. A iniciativa ganhou inclusive a adesão do
apresentador Luciano Huck, um potencial presidenciável em 2022. Antes
da formulação do pedido conjunto, partidos da oposição já haviam elaborado e
entregue solicitações próprias do impedimento do presidente.
“Esse pedido não pode ter barreira
(ideológica). Isso é PT, PCdoB, Cidadania… Se amanhã o PSDB ou o próprio DEM
quiserem (participar), acho que não pode ter barreira ideológica. A pauta tem
que unir todo mundo”, afirmou ao Estadão Carlos Lupi, presidente nacional do PDT,
sigla que custou a se reaproximar do PT depois das eleições de 2018.
Movimentos
A atuação de movimentos da sociedade
civil – inclusive dos grupos que trabalharam pelo impeachment da petista Dilma Rousseff – também está ganhando
corpo. Além de um novo panelaço para a próxima sexta-feira, há também a
convocação de carreatas no sábado e no domingo.
“Agora com o descaso e negligência na
pandemia, que culminou com a morte de pessoas por falta de oxigênio em Manaus e
escandalizou o Brasil, resolvemos nos mobilizar nas ruas pelo impeachment com
as carreatas”, afirmou Lucas Paulino, membro do Comitê Estratégico do movimento
Acredito, ao Estadão. Criado em 2017, o grupo, que visa a
formação de lideranças e a renovação política, ajudou a eleger quatro
parlamentares em 2018.
O Acredito está convocando carreatas
no sábado, dia 23, em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Paulino disse
que, embora o impeachment fosse defendido pelo grupo publicamente desde maio do
ano passado, a situação da falta de oxigênio “gerou uma revolta em brasileiros
e nos membros do movimento”, motivando a convocação de protestos.
Uma coisa parecida ocorre com o MBL e o Vem Pra Rua, movimentos que organizaram
protestos pelo fim do governo Dilma. “O MBL protocolou um pedido de impeachment
em abril ou maio”, disse uma das líderes do grupo, Adelaide Oliveira,
que já liderou o Vem Pra Rua e que foi vice na chapa do deputado estadual Arthur do Val (Patriota) na disputa pela Prefeitura
de São Paulo.
“Nesse início de ano houve um ponto
de inflexão, está ficando bárbaro demais. Deixou de ser só um pensamento ou uma
linha política com a qual eu não concordamos. É um grupo político que coloca
interesses pessoais acima dos interesses do Estado”, afirmou. O MBL está
convocando para panelaços na sexta-feira e para carreatas no domingo.
Já o Vem Pra Rua mantém um site
chamado “Adeus Bolsonaro”, com o posicionamento dos deputados sobre o
impeachment e o placar de quantos se posicionaram a favor e contra a saída do
presidente. O grupo está convocando uma carreata em São Paulo, no domingo.
Outras iniciativas
Desde domingo entrou no ar um site
chamado “ForaBolsonaro.net” por meio do qual é possível mandar de uma vez só
e-mails a todos os 513 deputados da Câmara pedido a votação de um processo de
impeachment.
De acordo com um dos responsáveis
pela iniciativa, o desenvolvedor de sites Albert França, a
plataforma – que chegou a cair do ar por excesso de procura – já disparou mais
de 30 mil mensagens em menos de 48 horas. Ele disse que, embora ele seja
filiado ao PT, o projeto não tem vínculo com nenhum partido ou instituição,
sendo uma iniciativa de um conjunto de amigos que trabalha com construção de
sites. O custo do domínio do site, segundo ele, foi bancada através de uma
vaquinha.
“A motivação não foi só a falta de
oxigênio no Amazonas. Isso foi o estopim”, disse, citando a condução da
pandemia, a disseminação de notícias falsas, as acusações contra a família do
presidente e os comentários homofóbicos, entre outras motivações.
Outra iniciativa civil – mais jocosa
– anti-Bolsonaro foi a criação de uma vaquinha para comprar o Centrão e, com
isso, possibilitar a aprovação do impeachment. O bloco atualmente apoia o
presidente.
https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/pedido-coletivo-de-impeachment-vai-incluir-colapso-por-falta-de-oxig%c3%aanio-no-par%c3%a1/ar-BB1cTB5K?ocid=mailsignout&li=AAggXC1
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