As primeiras convocações representam uma derrota
para o Palácio do Planalto,pois colocam a gestão federal no foco inicial das
investigações. Aliados do presidente Jair Bolsonaro criticaram a atuação da
comissão e tentaram, sem sucesso, votar ao mesmo tempo requerimentos de
interesse direto do presidente.
Em meio a um clima tenso, os senadores governistas
só conseguiram adiar a convocação do ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten,
cujo pedido teve sua avaliação adiada para a próxima terça-feira, 4. A
expectativa, no entanto, é que esse requerimento também seja aprovado e
Wajngarten possa ser ouvido na segunda semana de maio.
Todos os requerimentos foram aprovados para que as
autoridades sejam ouvidas como testemunhas. Ninguém ainda é formalmente
investigado pela CPI da Covid.
Os ex-ministros Luiz Henrique
Mandetta e Nelson
Teich devem ser ouvidos dia 4. Na quarta, 5, a CPI vai
coletar o depoimento de Eduardo Pazuello,
que ficou mais tempo à frente da pasta durante a pandemia de covid-19 e é um
dos principais alvos da investigação.
Video: Planalto perde 1ª batalha, e
Bolsonaro vê CPI da Covid como palanque político para desgastá-lo (Estadão)
Na sequência, dia 6, os senadores querem ouvir o
depoimento do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do presidente da
Anvisa, Antonio Barra Torres. As autoridades podem recusar a convocação ou até
mesmo ficarem caladas durante a audiência.
Informações
A CPI aprovou ainda uma série de pedidos de
informações propostos pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL).
O Ministério da Saúde terá cinco dias úteis para enviar dados sobre o enfrentamento
da pandemia, aquisição de vacinas, medidas de isolamento social e distribuição
de medicamentos sem eficácia comprovada, além do repasse de verbas para Estados
e municípios.
Autoridades do Amazonas também serão intimadas para
o envio de informações sobre o colapso no sistema de saúde de Manaus. Além
disso, os senadores vão pedir documentos da CPMI das Fake News do Congresso.
O foco dos primeiros requerimentos foi criticado
pela tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro. Governistas pediram para que
todos os pedidos fossem aprovados ao mesmo tempo, inclusive aqueles de
interesse direto do Executivo federal. Alguns deles foram, inclusive, assinados
por uma assessora da Secretaria de Governo da Presidência da República,
conforme informação revelada pelo jornal O Globo e confirmada
pelo Estadão/Broadcast.
"Não podemos aprovar requerimentos para tirar
o foco da investigação", afirmou Renan, em debate com os governistas.
"O foco da CPI não pode ser aquele dado pelo relator", retrucou
Marcos Rogério (DEM-RO), aliado de Bolsonaro. O comentário provocou reação da
oposição. "Também não pode ser o que veio do Palácio do Planalto",
disse Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Após o bate-boca, a sessão foi suspensa por
meia-hora.
Um dos autores dos requerimentos que tiveram a
digital do Planalto, Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou que os pedidos são de
autoria formal dos senadores e precisam ser analisados. "Vamos votar os
que foram assinados por senadores. O senhor não vai impedir. Vote
contrário", disse Ciro a Renan Calheiros.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou
que todos os requerimentos de informações serão analisados, mas que, neste
momento, é preciso focar naquilo que será necessário para levantar dados
durante os depoimentos na próxima semana./COLABOROU LAURIBERTO POMPEU
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