Se você não consegue ficar sem usar o celular mesmo nas situações em que isto não é recomendado, como cinemas, consultórios e salas de aula, então, saiba que pode ser vítima da nomofobia
Você consegue sair de casa sem seu telefone celular? Consegue ao menos deixar de dar uma "checada" no dispositivo de tempos em tempos? Pois é, essa dependência do smartphone acabou gerando uma nova doença, intitulada nomofobia. A palavra estranha e moderna é uma abreviação da expressão inglesa "no mobile phobia" que, em tradução livre, significa "medo de ficar sem celular". Uma pesquisa feita pela fabricante de processadores Qualcomm, com 4,7 mil pessoas de oito países, mostra que 35% dos brasileiros consultam o celular a cada 10 minutos ou menos.
Segundo a psicóloga Sônia Eustáquia, é possível perceber quando uma ação se torna vício. "Percebemos que está viciada quando a pessoa, ou outro que conviva bem perto dela, começa a observar que caiu a produtividade de seu trabalho, estudos ou até mesmo a diminuição do interesse sexual. A linha que separa o normal do patológico pode ser tênue e imperceptível à primeira vista, porque a pessoa dá desculpas que o excesso de uso faz parte do trabalho", comenta a especialista.
Ainda de acordo com a psicóloga, o uso normal do aparelho celular pode ser percebido quando a pessoa consegue desligá-lo durante uma sessão de cinema; no ambiente de trabalho; em consultas médicas; nos cultos da igreja; na sala de aula; ou em outros locais nos quais o uso é considerado inconveniente. Portanto, o uso abusivo é justamente o contrário disso, é não dar conta de desligá-lo hora nenhuma. "No início, a pessoa só precisa manter o celular ao alcance. Depois, ele tem que estar junto, mesmo em um bolso ou na mão. A partir deste momento, tudo que ela resolvia com o computador, que de certa forma lhe exigia um ritual, como ligar, sentar em uma mesa etc., deixa de ser necessário", afirma Sônia Eustáquia.
Afeta as relações
Outro problema gerado pela nomofobia é a interferência do uso excessivo do smartphone no convívio social. Durante um jantar a dois, por exemplo, se casal fica acessando aplicativos de conversa, é possível perceber como o celular afeta a relação. "Tudo isso gera brigas e descontentamento em relação a familiares e amigos. Entre os casais, também pode gerar ciúmes e desconfianças", diz a psicóloga, que também é sexóloga.
Além disso, a especialista alerta que a dificuldade em manter a comunicação face a face está aumentando a disseminação dos aplicativos de troca de mensagens virtuais. "O bom é que, muitas vezes, a barreira da timidez é vencida, fazendo uso do aparelho de telefone. Outras vezes, porém, é muito ruim, porque fomenta mais ainda a comunicação não verbal", comenta Sônia.
Ela lembra que, para amenizar a dependência do celular, o acompanhamento psicológico é sempre a melhor solução. "Geralmente, as terapias têm caráter breve e passam por uma avaliação ou diagnóstico antes de se iniciar qualquer trabalho psicoterapêutico. Quase nunca é preciso o uso de medicação", comenta a psicóloga.
7 dicas para passar menos tempo no celular:
Getty Images
A separação provavelmente reforçará o fato de que há muitas outras coisas mais interessantes a fazer do que olhar para o seu telefone
1. Supere a vontade de mexer no celular
2. Inclua os outros
É provável que, quando você mencionar que quer olhar menos para o seu celular, seus amigos ou familiares respondam: “Eu também”. Convide-os a experimentar isso com você! Assim como ao iniciar uma dieta ou começar um novo treino, ter um amigo para o acompanhar torna o processo mais divertido e menos solitário.
3. Avalie seu relacionamento atual com o telefone
A única maneira de saber o tamanho do seu problema é se debruçar sobre ele, o que significa que você precisa saber quanto tempo passa no telefone. O que é medido é gerenciado. Catherine diz que o primeiro passo é baixar um aplicativo para o ajudar a medir seu uso, como o Moment for iPhone, ou OFFTIME, para Android. Assim, você terá dados concretos sobre esse período, sobre os aplicativos que acessa mais e quantas vezes por dia mexe no celular.
A escritora também recomenda considerar o tipo de relacionamento que você deseja ter com o aparelho. É difícil progredir e colocar restrições quando não há metas específicas. Você quer usá-lo somente quando estiver no trabalho? Ou apenas quando for necessário? Mexer no celular é algo que o deixa feliz, mas você quer limitar esse uso para menos horas por dia? Considere isso, caso contrário, você estará sem direção, o que pode o levar ao fracasso.
4. Defina limites
Catherine recomenda desativar todas as notificações, até as de e-mail. Se você está à espera de uma ligação ou e-mail, coloque-os em uma lista VIP para que seja notificado apenas sobre isso. Ela também sugere a criação de zonas sem telefone, como na mesa de jantar e no quarto, além de estipular limites de horário. A jornalista defende a exclusão de redes sociais e o uso delas apenas no computador. Se você não conseguir deletar, baixe um aplicativo que bloqueia outros apps. Escreva regras e defina limites que ditam o tipo de relacionamento que você deseja com o seu celular. Use-as como ferramenta para o preparar para o sucesso.
5. Pare de checar o celular a todo momento
Você já mexeu no celular enquanto almoçava com a família ou amigos? Já mandou mensagem no meio de uma conversa? Checou as redes sociais durante uma festa?
Somos todos culpados disso em algum momento. Tornou-se tão comum e tão universalmente aceito que algumas pessoas nem percebem, mas isso não muda o fato de que esse comportamento nos separa do nosso entorno e de que não estamos totalmente presentes com as pessoas que estão bem na nossa frente. Uma boa regra é deixar seu telefone de lado durante refeições e festas para que você engaje com sua família e amigos. Apenas o use se for complementar a conversa, como para mostrar fotos ou verificar a agenda para um próximo encontro.
6. Tente uma separação experimental
Os passos, exercícios e as regras no guia de Catherine levam a uma separação experimental nos dias 20 e 21. O objetivo é testar sua disciplina e os limites que você definiu até esse ponto, mas, acima de tudo, significa permitir que coisas boas aconteçam em sua vida. É um período de 24 horas para fazer caminhadas, jantar no restaurante local que você deseja experimentar, ler um jornal ou um livro. Essa separação provavelmente reforçará o fato de que há muitas outras coisas mais interessantes a fazer do que olhar para o seu telefone.
7. Encontre outras coisas para fazer
Catherine escreve que, com o tempo que você normalmente preenche jogando, em redes sociais ou olhando para o celular sem pensar pode ser usado para um hobby ou para tentar algo novo: você pode caminhar, ir a um museu, sediar uma noite de jogos, desenhar, ir a um encontro, cozinhar, fazer palavras cruzadas em um café, inscrever-se em uma aula, passar mais tempo com seus amigos e animais de estimação etc. Todas essas atividades são saudáveis e produtivas e acabarão por o tornar uma pessoa mais feliz e saudável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário